Na imagem da esquerda sou eu na Feira do Livro de Lisboa de 2014, num altura em que ninguém sabia quem eu era e não apareceu ninguém na sessão de autógrafos do meu romance Os Mistérios de Santiago.

Na imagem da direita sou eu na Feira do Livro de Lisboa de 2018 onde estive quase 2h a assinar livros dos muitos leitores que conquistei entretanto.

Isto apenas para mostrar que se lutares, acreditares e souberes esperar a vida acabará por te retribuir o esforço e a paciência que também tu tiveste por ela.

Já sabemos que não podemos esperar que alguém pegue em nós e nos dê a sorte que nunca sequer nos demos ao trabalho de procurar. Já sabemos que o que cai do céu é a chuva e que se queremos que aconteça é preciso fazer acontecer, é preciso, pelo menos, tentar. Desistir será sempre aquela porta vermelha que parece que brilha demasiado e nos tenta demasiado quando as coisas aparentam não dar a lado nenhum.

Não te vou dizer para nunca desistires. Se me lês, se me acompanhas, sabes que não defendo essa ideia. Mas defendo a ideia de lutares até sentires, até teres a certeza (sim, aquela que vem do coração e não de uma voz traiçoeira que nos chega de alguém que não sabe do nosso esforço) de que deste tudo e o melhor que podias por um sonho que tinhas. E se até então nada aconteceu de verdadeiramente importante para te fazer continuar, então desistir. Pois uma porta pode ter de ser fechada para outra se abrir. Ou achas mesmo que também eu não tive de fechar muitas portas? Mas só quando, e se, essa certeza chegar.

A vida obriga-nos a ser pacientes como se estivéssemos a agonizar por um analgésico no corredor de um hospital abandonado, mas se souberes suportar a dor e ter esperança de que tudo ficará bem acabará por aparecer um médico, entenda-se oportunidade, que te vai agarrar e curar.

E apesar de tudo agradece. Não critiques, não reclames, não acuses. Agradece o pouco que tens para que mais venha e não reclames o muito que não consegues para que não percas o pouco que tens. A vida, muito subtilmente, tem a tendência para ajudar quem muito agradece e prejudicar quem muito reclama.

E eu agradeço cada pessoa que lê um livro meu. Pois mesmo que amanhã já não seja ninguém, eu continuarei a ser eterno na lembrança de alguém.

Texto e imagem de Raul Minh’alma