Custa-me desistir de ti porque tenho esta ridícula esperança dentro de mim de que da próxima é que é.

Da próxima é que vai dar certo. Da próxima é que vais abrir os olhos e perceber a minha importância. Da próxima é que vamos ficar juntos de vez.

Por isso tento sempre mais uma vez. Por isso insisto, tento e luto, quase sozinho, quase em vão, para levar para a frente um barco com um só remo.

No fundo sei que este barco só dará voltas e mais voltas e não sairá do lugar, mas o meu coração ainda não percebeu que tem de deixar de tentar.

Faço-o porque não tenho coragem de me atirar ao mar e nadar sozinho. Mas sei que enquanto não me atirar ao mar e nadar sozinho nunca vou chegar à terra onde me espera a segurança e a estabilidade que procuro. [Lê mais sobre este tema no meu livro Larga quem não te agarra]

Um texto de Raul Minh’alma

Imagem de Boba Jovanovic